A confraria do Chá do Pinto reúne mensalmente literatos e leitores para degustarem boa prosa, poesia, troca e venda de livros, regado a bebidas e quitutes regionais.

Semanalmente a cena literária de Manaus tem uma intensa programação promovida pelas academias de letras, editoras e livrarias, além dos grupos de literatos como a confraria do Chá do Pinto, que reúne os mais de 20 membros na casa do escritor João Pinto, no conjunto Manoa, Miguel de Souza, Cidade Nova, zona norte de Manaus. Entre os nomes conhecidos do grupo estão: os escritores: Agnaldo Figueiredo, Alvaro Smont, Gracinete Felinto, Marcia Antonelli, Helito Chue, e novos nomes que a cada encontro são convidados a participar do sarau.

Nas últimas reuniões nos dias, 13/6 e 5/7, os escritores e convidados, reuniram-se ao redor de uma farta mesa de pratos regionais, um evento que remonta a tradição dos saraus manauaras do início do século 20, quando Manaus era conhecida como a Paris dos Trópicos, e os eventos culturais agitavam a noite da cidade, seja nos teatros, espaços culturais públicos ou residências.

O idealizador e promotor do Chá do Pinto, é o professor aposentado, Joao Pinto, das cadeiras de literatura e língua portuguesa. Ele conta que sempre fez essa reunião, mas o encontro começou a ter mais corpo quando passou a ser denominado de Chá do Pinto. Hoje, o encontro mensal tem torno de 20 pessoas, poetas, prosadores, jornalistas e intelectuais de ramos diferentes.
“O encontro tem como proposta ser um palco onde todo mundo se expresse. Se escritor, publique livro e fale sobre sua criação”, explica Pinto. “Há também a proposta de apreciarmos nos eventos uma gastronomia saudável”, conta.

O público que frequenta, durante o evento, expõe sua experiência pessoal. Pinto diz que: “O Chá, nas noites, nos lembra um ajuntamento de pessoas em torno de uma fogueira para celebrar a vida”. A partir deste ano, ficou combinado que o encontro se dará no primeiro sábado de cada mês. O crescimento e amadurecimento expressivo do grupo, além de poetas e prosadores, teve a adesão de matemáticos e historiadores.
No último encontro teve as presenças de Cleonor Neves, e do ativista cultural e poeta, Rojefferson Moraes, do coletivo Soul do Monte.
O encontro proporcionou grandes conversas pessoais e diversidade nos temas levantados. “Desde já fizemos a
convocação para o próximo encontro, dia 2 de agosto”, encerrou
João Pinto.

O mais novo imortal da Academia Amazonense de Letras (AAL), Pedro Lindoso, marcou presença na reunião do dia 13/6, falou de sua carreira como escritor e professor, além de contribuições valiosas sobre passagens e curiosidades da vida e personagens da literatura amazonense.

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O poeta e editor, Nelson Castro, CEO da editora Metaphora e um dos fundadores do grupo Clube Literário do Amazonas (CLAM) analisa a agitação da cena literária, não somente agora, mas nos mais de 20 anos de atuação do CLAM, e vê com entusiasmo essa efervescência da cena literária manauara. “Esse novo cenário é também impulsionado por importantes projetos e iniciativas culturais que dialogam com a diversidade cultural do Amazonas”, como :a Feira do Livro do Sesc, o Festival Literário do Centro (Flic) do Casarão de Ideias, o Festival Literário de Manaus (Flim), Prêmios Literários Cidade de Manaus.
Projetos editorais das universidades, Editora Valer e editoras independentes contribuem para articular políticas públicas e fortalecer as estruturas de apoio à produção literária. Castro, cita ainda ao lado dessas iniciativas, destacam-se o surgimento dos coletivos de movimentos periféricos como o Slam, Coletivo Soul do Monte, academias e associações literárias. “Portanto, a agitação da cena literária manauara é parte do processo histórico artístico comprometido com o futuro da literatura como instrumento de memória, cidadania e emancipação cultural”, finaliza.
Texto e fotos: Cristóvão Nonato




