Cúpula dos Povos reúne milhares em Belém pela justiça climática durante a COP30

Evento paralelo organizado por mais de mil movimentos sociais terá cinco dias de debates, marchas e ações culturais.

De 12 a 16 de novembro, Belém será palco da Cúpula dos Povos, mobilização internacional que reunirá mais de 30 mil pessoas de 62 países em defesa da justiça climática. O evento ocorre de forma paralela à COP30, como uma resposta popular e autônoma à conferência oficial, e foi elaborado ao longo dos últimos dois anos por mais de 1.100 movimentos sociais, organizações comunitárias e redes internacionais.

Com seis eixos temáticos (soberania alimentar, transição energética justa, reparação, internacionalismo, cidades sustentáveis e protagonismo das mulheres), a programação propõe debates, plenárias, oficinas e manifestações culturais voltadas à construção coletiva de soluções para a crise climática a partir dos territórios.

“Não é possível pensar numa COP 30 em que a discussão da pauta climática não seja pautada na justiça climática. Não haverá transição justa enquanto não houver direitos garantidos aos povos tradicionais”, afirma Sara Pereira, da FASE Programa Amazônia. Para ela, os territórios já produzem a solução concreta que o mundo procura: “Eles já manejam a floresta, manejam as águas de forma equilibrada”, conclui.

 

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Programação
Com uma agenda intensa e diversa, a Cúpula dos Povos ocupará diferentes espaços de Belém ao longo de cinco dias. O cronograma combina debates, plenárias, oficinas, atividades culturais e manifestações públicas que expressam a pluralidade de vozes envolvidas na construção de uma agenda climática justa e popular. Confira:

12 de novembro (quarta-feira)
As atividades começam com uma abertura popular dedicada ao acolhimento das delegações e celebração da chegada dos movimentos. Das 9h às 12h, ocorre uma barqueata no Rio Guamá, com cerca de 150 embarcações vindas de comunidades ribeirinhas. À tarde, das 15h às 17h, haverá o momento de recepção no palco principal, seguido da abertura oficial, das 17h às 19h, e de um show cultural que encerra o primeiro dia.

13 de novembro (quinta-feira)
Início das atividades temáticas articuladas em torno dos eixos de convergência da Cúpula, com oficinas, plenárias e rodas de diálogo voltadas à soberania, reparação e transição justa. Das 8h30 às 12h, acontecem as plenárias mundiais dos três primeiros eixos, além da Cúpula das Infâncias e da Feira Popular. À tarde, entre 14h e 18h, seguem as atividades dos Enlaces dos Eixos de Convergência, e à noite, das 19h às 22h, estão previstas ações culturais e informativas.

14 de novembro (sexta-feira)
Dia voltado à síntese política e à formulação das propostas que integrarão a declaração final da Cúpula. Pela manhã, das 8h30 às 12h, seguem as plenárias dos Eixos 4, 5 e 6 – Internacionalismo, Cidades e Mulheres. À tarde, entre 14h e 16h, acontecem os Enlaces dos Eixos, a Assembleia dos Movimentos Sociais e o Seminário “Saúde e Clima”. O dia termina com a Plenária Final, das 16h às 18h, onde serão apresentados os resumos das discussões.

15 de novembro (sábado)
Realização da Grande Marcha Popular, principal ato público da Cúpula, das 8h30 às 11h, reunindo mais de 20 mil pessoas entre povos originários, quilombolas, trabalhadores urbanos e rurais, juventudes e movimentos ambientais. Após a marcha, haverá coletiva de imprensa com porta-vozes das organizações participantes.

16 de novembro (domingo)
Encerramento com a leitura da Declaração Final da Cúpula dos Povos, durante audiência pública com a presidência da COP30, das 9h às 11h. Às 14h, o tradicional Banquetaço na Praça da República marca o fim das mobilizações, celebrando a partilha e o encontro entre os povos.

“A participação dos movimentos sociais é crucial para disputar a agenda climática e garantir que os recursos sejam investidos corretamente, ajudando a diminuir as desigualdades sociais e não as aumentar”, reforça Marcio Astrini, do Observatório do Clima.

Mais do que um evento paralelo, a Cúpula dos Povos se apresenta como um espaço de diálogo e articulação internacional que reúne movimentos, organizações e comunidades para propor caminhos coletivos diante dos desafios climáticos e socioambientais.

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