Entrevista: Marcivana Sateré-Mawé – Coordenadora da Coordenação das Organizações Indígenas de Manaus e Entorno (Copime)

CN – O Amazonas ganhou um destaque nacional na nova pesquisa do IBGE. A que se deve está evolução?
Marcivana Sateré-Mawé – Além do estado, tem a questão de Manaus também ser a cidade, o município como a maior população indígena do Brasil, mas também, hoje a questão das línguas faladas, que Manaus é a primeira. Mas, isso tudo é um processo tanto de organização das lideranças indígenas aqui na cidade; a própria criação de algumas políticas públicas específicas, principalmente nos últimos cinco anos, mais voltada para a questão aqui da cidade.
CN – Então foi uma questão de aceitação? Das pessoas terem evoluído no processo de pertencimento de suas origens de seus povos originários?
Marcivana Sateré-Mawé – Sim, a questão da etnia, que era uma coisa que a Copime já falava há bastante tempo. Desde, acho que há 10 anos atrás, a gente já falava que Manaus tinha uma população maior do que aquilo que apresentava o censo de 2010. A gente já falava naquela época de 35 mil indígenas vivendo aqui na cidade. Assim como a gente já chamava atenção em relação às línguas maternas faladas aqui (36
línguas maternas faladas) e isso foi um diagnóstico que a Copime fez em 2016, assim como, também a questão das etnias, dos povos aqui em Manaus, que o nosso estudo apontava 54, daqui na cidade.
CN – O movimento indígena tem um papel importante nesse processo de conquista da cidadania?
Marcivana Sateré-Mawé – Sim, foi tudo um processo de luta, um processo de organização, que começaram com as nossas lideranças foi muito importante. Mas, também falar que acho que tem duas perspectivas no sentido da cidade. Uma que, como território mesmo, é um território historicamente, Manaus sempre foi ponto de encontro das diversas populações que vivem aqui na cidade. O Amazonas todo sempre baixou o rio para chegar aqui e fazer suas trocas, isso está muito bem registrado pelos missionários que estiveram aqui no processo de criação aqui da cidade de Manaus, mas também, a questão hoje que a gente fala da centralização dos principais serviços aqui na cidade de Manaus, também é outro fator que influencia bastante.
Texto e fotos – Cristóvão Nonato
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