Os principais personagens da política amazonense se manifestam sobre o acordo entre Ministérios para retomar discussão e estudos visando a pavimentação da rodovia da discórdia.

As manifestações mais imediatas foram feitas pelos candidatos a sucessão ao governo do Estado e Senado, Omar Aziz e governador Wilson Lima.
O senador Omar Aziz (PSD-AM), fez manifestação, durante entrevista ao programa Pod Mais, do jornalista Hiel Levy, dia 14/7, quando afirmou que pediu diretamente ao presidente Lula da Silva a pavimentação e conclusão da BR-319.
Segundo Aziz a finalização da estrada facilitaria significativamente a fiscalização ambiental:
“Com a estrada pronta, a fiscalização fica mais fácil para saber se tem desmatamento ou não”, questionou Aziz.

Já o governador Wilson Lima destacou, na terça-feira, 15/07, a importância do anúncio do Plano BR-319, que se trata de uma resposta histórica à luta do povo do Amazonas pelo fim do isolamento da região. Para o governador, o plano anunciado representa uma oportunidade concreta de tirar do papel a recuperação da rodovia, com responsabilidade ambiental e justiça social.
O governador reafirmou a disposição do Governo do Amazonas em cumprir todas as condicionantes ambientais necessárias para que a obra avance.
“Nossa demanda foi atendida e o clamor do povo do Amazonas está sendo ouvido. Finalmente, temos um plano que possibilita a repavimentação da BR-319. Depois de décadas de isolamento, foi dado um passo importante para acabar com esse isolamento, provando que desenvolvimento e preservação podem caminhar juntos em benefício de todos”, afirmou Lima.
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Acordo firmado
O anúncio pelos Ministérios dos Transportes e do Meio Ambiente, na terça-feira, 15/7, prevê o avanço no processo de estudos visando o licenciamento ambiental da rodovia BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, ainda no segundo semestre de 2025.
O acordo inédito entre os ministérios para a retomada do debate sobre o licenciamento da pavimentação e restauração da rodovia BR-319 com a atuação coordenada da Casa Civil, prevê que as pastas elaborem uma proposta de plano de ação para fortalecer: a governança, o ordenamento territorial e as atividades produtivas sustentáveis na região da BR-319, que possibilitem sua operação de forma segura para o maior bioma do país.
O Ministério do Meio Ambiente, por meio de nota afirma que o plano terá como base a perspectiva de que via “abrange um território sensível e sujeito a pressões, e que, portanto, demanda planejamento, governança, articulação interfederativa e soluções de curto, médio e longo prazo”. Bem como: “A proposta em debate entre os ministérios alia a implementação efetiva e urgente de áreas protegidas, a destinação de florestas públicas, o reconhecimento dos territórios de povos e comunidades tradicionais, estratégias de regularização ambiental e fundiária para a população rural local e a retomada de terras griladas para restauração florestal. Envolve, ainda, o fortalecimento da fiscalização ambiental e fundiária, das investigações contra a grilagem de terras e do monitoramento, prevenção e controle de incêndios”, diz a pasta na nota.
Longa trajetória
A BR 319 tem cerca de 850 quilômetros de extensão, conectando Manaus a Porto Velho, e foi construída na década de 1970 durante a ditadura militar, como forma de ocupação e promoção da agricultura e pecuária na região amazônica, e foi Inaugurada em 1976, operando até 1988, quando ficou intransitável pelo abandono do Poder Público, tendo como trecho crítico os 405 quilômetros do trecho do meio ligando a região conhecida como o “arco do desmatamento”, e representa a única ligação terrestre da capital do Amazonas com o restante do país, mesmo ficando praticamente
intrafegável nos períodos de inverno chuvoso.
Crises políticas
A rodovia foi motivo de bate-boca no Senado quando na ocasião a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, abandonou a comissão do meio ambiente no mês passado, quando foi atacada por senadores sob acusação de frear o desenvolvimento do país, desde os governos de Lula 1 e 2, Dilma Rousseff; mas também se arrastou na gestao de Jair Bolsonaro, rebateu a ministra aos senadores.

Apoio de Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu – quando veio em 2024 trazer ajuda as comunidades ribeirinhas do Amazonas durante o período de seca – a retomar as negociações para a reconstrução da BR 319, que liga Manaus, no Amazonas, a Porto Velho, em Rondônia.
A pavimentação da rodovia é alvo de controvérsias há décadas pois cruza uma região ambientalmente sensível da floresta amazônica.
Para Lula, é importante garantir que não haverá desmatamento. “Nós queremos pactuar, o estado e a Federação. Nós vamos ter que garantir que nós não vamos permitir o desmatamento e a grilagem de terra próximo à
rodovia, como é habitual acontecer nesse país. A gente faz uma rodovia, daqui a pouco estão destruindo do lado direito e do lado esquerdo, tem gente queimando, tem gente grilando, tem gente matando, tem gente criando gado onde não é necessário criar gado”, disse Lula em visita à Aldeia Kainã, do povo munduruku, em Manaquiri, no Amazonas em 2024.
Preocupação de ambientalistas
A pavimentação do meio da rodovia é apoiada pelo governo do estado e por parlamentares, mas preocupa pesquisadores da área ambiental, pelos elevados impactos que o asfaltamento pode causar em uma das regiões mais bem preservadas do bioma amazônico — que compreende 13 municípios, 42 Unidades de Conservação e 69 Terras Indígenas.
Com informações dos Ministérios dos Transportes e Meio Ambiente e Secom.




