Em entrevista ao Portal Cultura Norte o poeta Nelson Castro, CEO da editora Metaphora e fundador do grupo Clube Literário do Amazonas (Clam), analisa a agitação da cena literária do Amazonas como fruto de um processo histórico do fazer literário, e quais as tendências com o surgimento de novos talentos.

CN – Porquê e como se construiu essa vocação literária de Manaus?
Nelson Castro – A vocação literária manauara é resultado de um movimento coletivo, atravessado por memórias, sonhos, rupturas e permanências. Historicamente o Clube da Madrugada, fundado em 1954, representa um marco indelével. O movimento rompeu com padrões acadêmicos conservadores e inaugurou um novo ciclo na história literária da cidade. Desde então, vem sendo tecida como memória viva, carregando as marcas do território, das lutas sociais e das múltiplas identidades culturais. Portanto, temos o compromisso e a responsabilidade com a literatura produzida no Amazonas, legado extraordinário de permanência e renovação.
CN – Porquê e como se construiu essa vocação literária de Manaus?
Nelson Castro – A vocação literária manauara é resultado de um movimento coletivo, atravessado por memórias, sonhos, rupturas e permanências. Historicamente o Clube da Madrugada, fundado em 1954, representa um marco indelével. O movimento rompeu com padrões acadêmicos conservadores e inaugurou um novo ciclo na história literária da cidade. Desde então, vem sendo tecida como memória viva, carregando as marcas do território, das lutas sociais e das múltiplas identidades culturais. Portanto, temos o compromisso e a responsabilidade com a literatura produzida no Amazonas, legado extraordinário de permanência e renovação.
CN – Manaus tem hoje um mercado literário completo?
Nelson Castro – Embora Manaus possua uma cena literária em crescimento, não se pode afirmar que a cidade disponha de um mercado literário completo nos moldes de grandes centros editoriais como São Paulo ou Rio de Janeiro. Faltam ainda elementos estruturais fundamentais para que se configure um ecossistema literário sólido em todos os seus segmentos. A fragilidade de políticas públicas permanentes voltadas ao livro e à leitura, o que afeta diretamente a formação de leitores e o fortalecimento do mercado local. A falta de incentivos fiscais, editais recorrentes e compras institucionais de livros de autores da região compromete o desenvolvimento de uma economia literária consistente. Portanto, o mercado literário local ainda precisa de políticas culturais estruturantes e maior integração entre produção, circulação e acesso à leitura para que se torne, de fato, um mercado completo.
CN – Além dos grandes nomes da literatura como você avalia o surgimento de novos talentos?
Nelson Castro – Avaliar o surgimento de novos talentos na cena literária manauara é, para mim, um exercício que envolve não apenas observação, mas também vivência direta. Como alguém que participa ativamente desse processo, tanto em eventos quanto em projetos culturais e espaços de formação, posso afirmar que estamos diante de uma geração promissora, marcada por voz própria, consciência crítica e diversidade de linguagens. Reconheço a potência dos encontros, das escritas que emergem das universidades, das escolas públicas, das redes sociais, das comunidades indígenas, dos bairros, dos coletivos independentes nas periferias. Essa nova geração, além de carrega consigo um desejo legítimo de publicar livros ou conquistar reconhecimento individual. Eles estão comprometidos com projetos literários coletivos, comunitários e transformadores, atuando como mediadores culturais, organizadores de eventos, produtores de conteúdo, criadores de editoras independentes e agentes multiplicadores de leitura.
Observo que esses novos escritores estão conscientes de que pertencem a um tempo de transição, em que é necessário preservar a memória e, ao mesmo tempo, reinventar as formas de fazer arte no Amazonas.
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