Dos 12 itens apenas três, circo, cinema e bibliotecas tiveram queda no acesso pelos moradores de Manaus.

O dado foi apresentado, dia 18/6, em Manaus pelo Instituto JLeiva Cultura & Esporte, na pesquisa Cultura nas Capitais (de fevereiro a de 2024), hábitos e consumo nas 27 capitais brasileiras, onde as outras 26 capitais sofreram queda no consumo cultural no período dos últimos sete anos.
A pesquisa revelou que o manauara, pela ordem, consome mais livros (61%, média outras capitais 62%), jogos eletrônicos (53%/51%), cinema (52%/48%), locais históricos (45%/45%), shows de música (37%/41%), festas populares (41%/36%), Museus (27%/27%), bibliotecas (26%/25), teatro (25%/25%), dança (32%/24%), feiras de livro (17%/21%), circo (9%/14%), saraus (10%/12%) e conver4os (13%/8%).

Quanto a prática de atividades culturais o manauara se destaca entre as capitais com média de 25%, na pintura (grafitte), audiovisual e literatura.
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Um forte motivo para que esses dados tenham sido alcançados, em especial, em Manaus, além das demais capitais, são as políticas públicas no setor cultural como as leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo, segundo afirma o coordenador do escritório do MinC na capital amazonense, Ruan Octávio. Leia a entrevista a seguir.

Entrevista Coordenador do Escritório de Representação do MinC em Manaus, Ruan Octávio.
CN – O que que te chamou a atenção nos dados da pesquisa em Manaus? E como as políticas públicas têm contribuído para isso? E o que precisa ser reforçado?
R. Primeiro que os dados apresentados são os únicos dados que a gente tem aqui sobre relativamente a cidade de Manaus. E a partir desses dados tanto o estado quanto o município podem utilizar para balizar melhor isso, mas talvez, como colocamos, a menor queda de acesso, por exemplo, a shows, a teatro, a cinema, a biblioteca, tudo se deve à política estabelecida, que vem da Lab 1, que é a política nacional Aldir Blanc, que vem a Paulo Gustavo, e aí vem a Aldir Blanc 1, e agora a Aldi Blanc 2 ciclo, onde a gente faz um aporte financeiro e talvez isso tenha contribuído. Veja bem na PNAB, agora primeiro ciclo, estamos chegando a 80% de execução financeira pelo Estado e pelos municípios. O Estado já está em 80%, a Secretaria de Cultura já está em 80% de execução e a cidade de Manaus está em 72%, de execução. Ou seja, isso facilita. O fazedor de cultura faz o seu projeto cultural, muitas vezes na comunidade, isso facilita o acesso.
CN – Diante do dado de que Manaus é segunda capital com o maior número de favelas, você acha que isso pode ou deve balizar as políticas públicas?
R. Sim, deve balizar. Primeiro porque a cidade de Manaus tinha uma cultura de ter o bem cultural muito localizado, muito localizado no centro.
CN – Muito elitizado?! R. Talvez sim, muito elitizado, mas talvez muito mais localizado. E, a gente não tem, por exemplo, um modal de transporte de massa que seja atrativo, onde o cidadão possa pegar um ônibus que tenha conforto para chegar até o centro, para conhecer o Teatro Amazonas. Um fato alarmante. Eu tenho certeza que 70% da cidade de Manaus, moradores da cidade de Manaus, não conhecem o Teatro Amazonas por dentro.
CN – As zonas leste e norte tem 80%, da área de Manaus. Você acha que eles têm o número de equipamentos públicos, culturais, à altura da necessidade da população?
R – Olha, não tem. Não tem. A cidade de Manaus vem de um processo que não existia essa lógica de entender a cultura como parte, por exemplo, da educação ou como parte também da saúde pública. Afinal de contas, nós passamos por uma pandemia e a cultura ajudou essas pessoas a não entrarem em depressão, a ter outros problemas emocionais. E Manaus tem isso, nós estamos falando de uma grande metrópole, onde a gente também não consegue ter o equipamento público ali. Existia uma estratégia na cidade que era os centros de família, os centros comunitários de família e tudo, que tinha um teatro, dança, que ali ofertava esporte. Talvez essa estratégia seja fundamental para a gente melhorar o acesso cultural, o equipamento para o local na zona. Na verdade, Manaus tem equipamentos por zona, mas precisa ser um pouco mais fortalecido isso.
CN – E o distrito industrial, os equipamentos estão abandonados?
R. Estão. Estão totalmente abandonados. São 140 mil pessoas circulando diariamente mereceriam atenção também. Na verdade, 145 mil pessoas, mas também reforçar e voltar a fortalecer, por exemplo, a política de incentivo desses trabalhadores. Por exemplo, a gente pega uma determinada fábrica e esses trabalhadores vão no cinema, aí tem, por exemplo, uma redução no valor dos ingressos, ou no teatro, em shows, talvez seja uma forma em Manaus de melhorar esses índices. Inclusive eu vou conversar com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) para a gente entender como se consegue melhorar isso para os trabalhadores.
Texto e fotos: Cristóvão Nonato




