O cardeal e arcebispo de Manaus, Dom Leonardo Steiner, está em Roma desde o conclave, no Vaticano onde deve permanecer até o dia 18/5, cumprindo agenda de trabalho. Ele concedeu entrevista ao repórter do jornal O Globo, Bernardo Mello Franco, na segunda-feira (12/5), quando o cardeal da Amazônia afirmou que, ‘Igreja tem que estar presente na política’.

Ele contou da emoção no conclave, critica radicalismo ideológico, defende diálogo com os povos indígenas e alerta para os riscos do garimpo e do crime organizado na região.
Ele tem transitado dentro e fora dos muros do Vaticano, e foi um dos destaques no conclave, por ser o único cardeal da Amazônia brasileira. Dom Leonardo Steiner afirmou que a Igreja precisa atuar na política e ajudar no combate aos problemas sociais. “Não estou falando de política partidária, mas de sermos ativos na sociedade. Essa é uma obrigação nossa”, defende. O arcebispo de Manaus conta que se emocionou quando Leão XIV atingiu os votos necessários para virar Papa: “Foi um aplauso sem fim”.Sobre ter compromisso com a doutrina social da igreja de Leão XIV, dom Leonardo disse que para atualizá-la para hoje: “Somos pessoas que creem e participam da vida em comunidade. A Igreja não está fora da realidade. Deve estar presente na política, por exemplo. Não falo da política partidária, mas de sermos ativos na sociedade. É obrigação nossa. Leão XIII foi o Papa da Rerum novarum, que abordou a questão do trabalho. Hoje a inteligência artificial está substituindo o trabalhador. Leão XIV quer dar uma contribuição a essa realidade”.
Dom Leonardo comenta sobre a guerra de narrativas dos dias atuais, o
Papa Leão XIV defende comunicação como meio de sair da ‘Torre de Babel’ das narrativas tendenciosas. “Colocar o tema em discussão, refletir, aprofundar. Francisco, que fazia isso muito bem, já havia dito que a inteligência artificial não substitui a inteligência humana.
Francisco enfrentou críticas por defender a presença da Igreja na política.
O Papa Paulo VI disse que a política é o nível mais alto da caridade, do amor. A política trata do bem comum, da convivência humana. Francisco abordou a questão da economia, que hoje está na mão de menos pessoas. Pelas falas iniciais de Leão XIV, ele também tem uma sensibilidade muito grande para isso.”
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A guerra de narrativas é alimentada pelo sentimento de intolerância e autoritarismo, e após embates com Francisco, os Conservadores serão um desafio ao moderado Papa Leão XIV, e o próprio Steiner, foi alvo de ataques da extrema direita no Brasil.”Não devemos dar importância, não vale a pena. O que importa é contribuir para uma sociedade mais justa, a solidariedade e a paz. Não estamos interessados no poder, estamos interessados em servir. A toda a Humanidade, independentemente de cor, religião ou opinião política. Agora, é preciso abertura para conversar. Isso está cada vez mais difícil. Não há possibilidade de escuta com determinados grupos, de tão apegados estão a determinada ideologia. Sem escuta, você não encontra o outro. E não se deixa encontrar pelo outro. Não é fácil, mas é nossa obrigação. Se Jesus disse que devemos amar os inimigos, como não amar as pessoas que pensam diferente?”
Sobre a luta pela paz e defesa dos imigrantes que, Leão XIV dom Leonardo afirma: “Pela primeira saudação, vai se empenhar pela paz. Ele é filho de imigrantes. As questões do meio ambiente, dos pobres e tudo mais, penso que ele vai (manter). Mas é claro que será do jeito dele.”
Foto: O arcebispo de Manaus em sua na paróquia em Roma, de São Leonardo da Porto Maurizio. CNBB/Divulgaçao




