Novas editoras e escritores são destaques na terceira edição da Flic 2025

A literatura na rua reúne leitores e escritores na Barroso, centro de Manaus.

A terceira edição da Feira Literária do Centro (Flic), aconteceu dias 25 e 26/4, num trecho da rua Barroso (entre as ruas Saldanha Marinho e 24 de Maio), no centro histórico, com a programação de 2025 para o público transeunte (leitores, escritores, editores) os artistas da literatura, uma realização do Casarão de Ideias com apoio e patrocínio da iniciativa privada e Governo Federal.

Duas fileiras de barracas (stands) expuseram livros de grupos, livrarias alternativas e editoras locais, onde o Clube Literário do Amazonas (Clam) reuniu escritoras(es) amazonenses de várias editoras. Os escritores Nelson Castro, Janete Melo, Miguel de Souza, Cristóvão Nonato e Rafael Neves, receberam o público no estande do Clam para uma prosa sobre suas obras, a prática do fazer literário e troca de experiências sobre o funcionamento do mercado editorial.

O escritor, Hélito Chué, também expôs sua obra Guajará-Causos em Prosa e Verso, e garantiu presença no domingo recebendo amigos, leitores na noite de autógrafos.

Os escritores Cristóvão Nonato e Rafael Neves destacaram a importância da Flic que deu destaque aos escritores locais no rico universo da literatura amazonense. “É um grande prazer e oportunidade encontrar os leitores para falar sobre os relatos do fazer jornalismo na Amazônia, um desafio que topei para registrar quatro décadas numa das regiões mais focadas pela curiosidade e interesse das pessoas no país e planeta”, contou Nonato.

O escritor itacoatiarense, Rafael Neves, faz uma homenagem aos 150 anos da cidade de Itacoatiara no livro Verso a minha velha Serpa. “Nele eu pudesse dividir impressões poéticas em três capítulos, memória das pessoas que fizeram a cidade, a valorização do patrimônio material e imaterial, e a exaltação do lugar onde cresci e fui feliz, onde cultivei minhas amizades e tenho um carinho enorme”, disse Neves.

Editoras alternativas

A Flic é um espaço especial para a divulgação não só de novos escritores como também de editoras alternativas que contribuem para a revelação de novos talentos literários. Duas barracas chamaram atenção pela variedade e volume de títulos, as editoras Metaphora e Transe, ambas com poucos anos de atuação e atendendo a públicos “nichados”, com autores de prosa e poesia, temáticas como LGBTQIAPN +, étnicos, literatura feminina, com um conteúdo editorial inclusivo.

A frente da editora Methaphora e um dos fundadores do Clam, o escritor, poeta e editor, Nelson Castro, já publicou várias obras de poetas e prosadores amazonenses, e acha que o potencial de Manaus é muito maior. “A cada evento encontramos novos talentos que buscam um inventivo e o contato com outros inscritores que se lançaram nesse mercado desafiador e promissor”, e finaliza Castro afirmando que Manaus é uma cidade com forte vocação literária e tem um potencial gigante para revelar novos talentos das letras.

No ano de 2020, durante a pandemia, a escritora Luana Aguiar, fundou a editora Transe, que começou como uma produção artesanal com a proposta de publicar [obras] dos amigos sem pretensões até que a procura se ampliou levando a uma produção profissional. “A gente começou a expandir um pouco mais, e descobrimos uma forma de fazer impressão fora do estado que tem um custo menor que daqui, e passamos a publicar em outros formatos com bom acabamento”, apontando para os volumes expostos na barraca da editora. Ela conta que o mercado aqueceu com os proponentes contemplados nos editais públicos da Lei Paulo Gustavo (LPG) e Política Aldir Blanc (Pnab). Sobre o selo ser alternativo ela destaca que a Transe acaba atingindo públicos

que as grandes editoras não conseguem atingir, autores da comunidade Trans, LGBTQIAPN+, muitos fanzineiros, são nichos que frequentam muitos esses eventos literários de Manaus, ela conta que as feiras e eventos são oportunidades de marcar presença física já que editora ainda não tem espaço físico comercial, a tão desejada livraria e as vendas são por via digital nas redes sociais.

Espaço de Conversa

Um dos espaços mais frequentados na Flic é o barracão Espaço de Conversa, onde acontecem as mesas redondas e apresentações artísticas. Na noite de abertura, a escritora Myriam Scotti, foi a mediadora da roda de conversa Escritas Femininas em Tempos de Retomada, com as escritoras Bianca Santana, com sua literatura da negritude, e a escritora indígena, Geni Núñez, onde relataram suas vivências, com interação empolgada da plateia que aplaudia intensamente durante as falas.

As mesas e rodas seguiram no domingo e segunda-feira, na rua Barroso e teatro do Icbeu.

Texto e fotos: Cristóvão Nonato

LEIA MAIS

Autores realizam manhã de autógrafos na livraria Nacional com obras de estréia na literatura relatando suas vivências na Amazônia

Gostou? Compartilhe