Liderando a equipe de arquitetura, o guajaramirense, arquiteto Lorenzo Villar, que concebeu o novo projeto modernista com traços da cobertura que remetem a organicidade da natureza em contraste com elementos industrializados
A capital de Rondônia, Porto Velho tem sua história ligada a um equipamento público que é a porta de entrada de gerações de migrantes formadores de sua população, e ganhou depois de 40 anos, um novo e moderno terminal rodoviário, hoje em operação desde o último dia do ano de 2024.
O arquiteto chefe do projeto do terminal, Lorenzo Villar, é o mesmo autor da passarela do Espaço Alternativo, dois ícones da arquitetura pública moderna de Porto Velho, afirma que o novo equipamento público despertou o sentimento de pertencimento da população. “A obra foi aprovadíssima pela população, e passou a fazer parte afetiva reforçando a autoestima do portovelhense, que tinha uma disputa com a capital do Acre, Rio Branco, que tem uma rodoviária muito bonita, mas que agora, a nossa é mais bela, dizem com orgulho as pessoas”, conta descontraído Villar.
Lorenzo é fundador do Estudio Amazônia, e se inspira no interior, sua origem Guajará-Mirim, de onde busca em suas obras criar referências relacionadas a região como os brises de madeira, que são os elementos que protegem a obra da insolação, e por isso, indispensáveis a arquitetura brasileira devido à incidência do sol, principalmente na faixa equatorial. “As curvas da cobertura que remetem a organicidade da natureza em contraste com elementos industrializados como o vidro e estruturas metalicas, numa demonstração de que vivemos na fronteira entre a civilização e a natureza”, explica Villar.
A equipe de arquitetura tem ainda a co-autoria de arquitetas filhas de Guajará-Mirim, Flora Martinez, autora do detalhamento dos brises e interiores, e Stephanny Alpire, que fez o detalhamento de piso, assim como, toda uma equipe de especialistas em detalhamentos de iluminação e praça:
Luciana Volpato, Igor Montenegro, Leone Augusto, Rafael Brito e
Tiago Jose Santos.
A obra foi inaugurada em meio a uma guerra jurídica, no final da gestão do ex-prefeito, Hildon Chaves, quando faltava 5% para ser concluída, e ainda hoje, 23/1, o sistema de ar condicionado ainda não foi instalado.
A nova rodoviária passou a ser chamada “Terminal Rodoviário Destemidos Pioneiros”
uma homenagem aos migrantes que atuaram na construção da cidade e do estado de Rondônia. O antigo prédio foi uma das obras realizadas pelo lendário governador Jorge Teixeira, e foi dimensionada para uma população muito menor quando havia 13 municípios, do que a atual quatro décadas depois com 52 municípios.
A obra teve investimento de aproximadamente R$ 44 milhões, sendo R$ 22 milhões de recursos próprios e R$ 22 milhões de emenda da ex-deputada federal Mariana Carvalho, e mais um aditivo de 10%, ao longo da execução.
A construção da nova rodoviária já tem gerado grandes movimentações no entorno, aquecendo a economia local. Um cenário bem diferente, comparado ao que era visto.
Estrutura
O novo terminal tem 8.457,59 metros quadrados de área construída, 13 plataformas de embarque e desembarque, 26 boxes e agências para as empresas, sala VIP, saguão de espera, praça de alimentação com lanchonetes e restaurante, 11 lojas, área administrativa, fraldário e banheiros.
A obra foi concebida para integrar aspectos culturais e ambientais, com uma estética que valoriza os elementos naturais da região amazônica. A fachada remete ao rio Madeira e o tom amadeirado faz referência às árvores locais. O piso simboliza a seringueira, árvore emblemática da Amazônia.
O projeto arquitetônico também contemplou o meio ambiente e a geração de energia, priorizando o desempenho térmico adequado do local. A funcionalidade é um dos pontos destacados pelos arquitetos.
Nova praça

A revitalização total da praça localizada em frente à rodoviária, que recebeu calçamento, bancos e lixeiras, além de iluminação em LED, com o propósito de proporcionar conforto e segurança. A praça foi batizada como Maximino Bedin, uma homenagem e valorização dos serviços desenvolvidos pelo ex-trabalhador rondoniense, que deixou um importante legado no setor de transportes.
A praça conta ainda com um monumento, que também recebeu o nome “Destemidos Pioneiros”, e é assinado pelo artista plástico Bruno Souza. O mo
numento é um tributo à história e aos pioneiros de Rondônia, simbolizando a força e a resiliência dos rondonienses. A obra de 2,6 metros de altura e 3 toneladas representa o espírito de progresso e diversidade que moldaram a cidade de Porto Velho.
Fotos: Bruno Castilho/Lorenzo Villar/Ana Flavia Venancio, Ricardo Farias e Wesley Pontes
Texto: Cristóvão Nonato, com informações da
Prefeitura.
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