A influência da prática da espiritualidade nas emoções e doenças psicossomáticas

As doenças psicossomáticas têm uma relação estreita com as emoções, pois elas refletem como o estado emocional de uma pessoa pode influenciar o corpo físico. Quando uma pessoa não lida adequadamente com suas emoções, como estresse, ansiedade, raiva ou tristeza, essas emoções podem se manifestar de forma somática, ou seja, em sintomas físicos, sem uma causa orgânica aparente.

Por exemplo, o estresse crônico pode contribuir para o desenvolvimento de doenças como hipertensão, problemas gastrointestinais, dores musculares ou até distúrbios respiratórios. Isso ocorre porque as emoções podem desencadear respostas fisiológicas no corpo, como a liberação de hormônios do estresse (como o cortisol) que, quando em níveis elevados e prolongados, afetam negativamente a saúde.

Além disso, muitas doenças psicossomáticas estão ligadas à dificuldade da pessoa em expressar ou processar suas emoções, o que pode levar a uma “somatização” — ou seja, a transformação das tensões emocionais em sintomas físicos. O tratamento dessas doenças muitas vezes envolve tanto o manejo emocional quanto a abordagem de aspectos físicos, como terapia psicológica, técnicas de relaxamento e, em alguns casos, o uso de medicamentos.

Portanto, as doenças psicossomáticas exemplificam a interconexão entre mente e corpo, mostrando que o bem-estar emocional está diretamente relacionado à saúde física.

*A neurociência tem nos esclarecido a relação das doenças do mundo moderno com a espiritualidade.
A neurociência tem avançado significativamente na compreensão das complexas interações entre o cérebro, o corpo e fatores externos, incluindo a espiritualidade, em relação ao bem-estar e à saúde mental. Embora a espiritualidade não seja um conceito facilmente mensurável com métodos tradicionais de pesquisa científica, ela pode ser investigada sob a ótica das respostas cerebrais e das práticas relacionadas.

Uma das principais doenças associadas ao mundo moderno é o estresse crônico, que pode contribuir para uma série de condições físicas e psicológicas, como doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade e transtornos imunológicos. A neurociência nos mostra que o estresse crônico ativa a região do cérebro chamada eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), o que resulta na liberação excessiva de cortisol e outros hormônios do estresse. Isso pode prejudicar o funcionamento do sistema imunológico e aumentar o risco de várias doenças.

Práticas espirituais, como meditação, oração e mindfulness, têm mostrado influenciar positivamente o cérebro ao ajudar a regular essas respostas ao estresse. A meditação e outras práticas de mindfulness, por exemplo, demonstraram reduzir a atividade da amígdala (a região do cérebro associada ao medo) e aumentar a atividade do córtex pré-frontal (responsável pela regulação emocional). Essas práticas ajudam a reduzir a reatividade ao estresse e promovem um estado de relaxamento profundo, o que pode mitigar os impactos negativos do estresse crônico no corpo.

A neuroplasticidade é a capacidade do cérebro de se reorganizar e formar novas conexões neuronais ao longo da vida. Práticas espirituais, como a meditação ou a contemplação, têm demonstrado efeitos benéficos sobre a neuroplasticidade, especialmente em áreas do cérebro associadas ao bem-estar, empatia, compaixão e resiliência emocional.

Pesquisas indicam que pessoas que praticam meditação regularmente podem ter áreas do cérebro mais desenvolvidas, como o córtex pré-frontal, que está ligado à tomada de decisões, autocontrole e capacidade de lidar com emoções. Além disso, áreas relacionadas à empatia, como a córtex cingulado anterior, também mostram aumento de atividade, sugerindo que práticas espirituais podem melhorar a capacidade de conectar-se com os outros e lidar com o sofrimento alheio.

A espiritualidade pode também fornecer um sentido de propósito, que é fundamental para a saúde mental e emocional. A neurociência tem mostrado que a sensação de propósito e significado está associada a menores níveis de atividade da amígdala (associada a respostas de medo e ansiedade) e maior atividade do córtex pré-frontal, promovendo uma sensação de calma, controle e felicidade. Ter uma espiritualidade bem definida pode ajudar os indivíduos a enfrentarem situações difíceis com maior resiliência e otimismo, melhorando a qualidade de vida.

Além disso, muitas práticas espirituais envolvem um sentido de comunidade, o que ativa áreas cerebrais associadas à conexão social e pertencimento, como o córtex temporal medial e as áreas da oxitocina, um hormônio associado à confiança e ao vínculo social. A participação em práticas religiosas ou espirituais, como rituais, pode promover sentimentos de acolhimento e reduzir os efeitos negativos do isolamento social, que é um fator de risco para diversas doenças mentais modernas.

A espiritualidade pode servir como um mecanismo de enfrentamento, ajudando as pessoas a processar e lidar com a dor, o sofrimento e as adversidades. A neurociência revela que práticas espirituais podem modificar a forma como o cérebro processa o sofrimento, tornando-o menos aversivo. Isso pode ser especialmente importante no contexto de doenças modernas, como transtornos depressivos e ansiosos, onde o enfrentamento adequado das emoções é crucial para a recuperação.

Dalismar Muniz – Acadêmica de Psicologia

 

 

 

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